Stater de Prata, Thasos-Thrace, Ano: 525-463 aC, Very Fine

DENOMINAÇÃO/VALOR FACIAL: STATER
ANO: 525-463 a.C.
SOBERANO/PERÍODO: Ilha Tasos de Trácia

PESO: 8,16 Gramas
COMPOSIÇÃO: PRATA
DIÂMETRO: 21 mm

ANVERSO: SÁTIRO ITIFÁLICO RAPTANDO UMA NIFA COM MÃO DIREITA LEVANTADA (4 DEDOS E 1 POLEGAR)
REVERSO: INCUSÃO QUADRADO QUADRIPARTIDO

Lote 494 - Dewing 1316; Le Rider, Thasiennes 2; Asyut hoard 100-126; Svoronos PL. X, 1-2; SNG Copenhagen 1009

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Uma das imagens mais interessantes nas moedas gregas antigas é um sátiro " itifálico" (sexualmente excitado) fugindo com uma ninfa em seus braços. Essas moedas ficaram famosas por Thasos, que as copiou de moedas emitidas por várias tribos macedônias. Os Orreskioi, Zaielioi, Pernaioi, Dionysioi e Laiai eram todas tribos que ocupavam a região macedônia do norte da Grécia. Por volta de 550-480 aC, eles emitiram uma série de moedas representando centauros e sátiros carregando ninfas. As representações de sátiros e centauros geralmente variam, mas a pose da ninfa é quase idêntica em moedas diferentes: uma ninfa de túnica longa é segurada por um sátiro, com um braço em volta do joelho e o outro dobrado sobre ela nas costas, logo acima da cintura. A ninfa fica pendurada com o braço esquerdo, o braço direito erguido, as mãos estendidas. Em algumas das moedas, a ninfa está sorrindo ou sem expressão, enquanto em outras seu rosto mostra sinais claros de angústia. Este último deu origem à representação comum de um sátiro sequestrando uma ninfa, que levantou a mão em protesto.

Thasos, uma ilha na costa da Trácia, no atual norte da Grécia, tornou essas moedas famosas. Era importante no comércio de vinhos e também controlava as ricas minas de prata do continente. O valor excepcionalmente alto das moedas cunhadas por Thasos sugere que elas foram principalmente destinadas à exportação. Tesouros dessas moedas são comuns em áreas outrora controladas pelo Império Persa e também foram encontrados na atual Bulgária, Síria, Egito, Iraque e Irã, tornando essas moedas famosas.

Thasos provavelmente começou a cunhar os sátiros e ninfas em estáteres e dracmas em algum momento entre 525 e 510 aC. O reverso da moeda tem um quadrado de mosaico esquartejado, às vezes representado como um moinho ou suástica. A imagem do sátiro mudou sutilmente ao longo do tempo. As moedas originais representavam um sátiro com chifres e pernas de cavalo ou cabra. Eventualmente, os sátiros apareceram com pernas humanas, e Thasos começou a emitir séries de ninfas e sátiros como um estado independente e continuou a cunhar essas moedas após a conquista da Pérsia. Thasos tornou-se um aliado de Atenas depois que os atenienses derrotaram os persas na Batalha de Marathon. Moedas emitidas a partir de 455 aC, começaram a mostrar influências da arte Attica.

Atenas proibiu seus aliados de emitir moedas em 450 aC, e Thasos não começou a reeditar a série de sátiros e ninfas até uma revolta de Atenas por volta de 411 aC. A nova moeda incorpora um estilo clássico completo e a arte é mais refinada. A Ninfa não levantou mais a mão, mas colocou-a nas costas do Sátiro. No século 4 aC, Thasos adotou o padrão rodiano e começou a emitir moedas com desenhos diferentes. Como muitos mitos gregos, as histórias de origem de Sátiros são confusas e às vezes contraditórias. Os primeiros registros traçam suas origens através de Phoroneus, que, segundo alguns relatos, foi o primeiro homem na Terra. Phoroneus teve cinco netas que deram luz à um Sátiro de um pai desconhecido, possivelmente Hermes. De acordo com alguns relatos, o Monte Nymphai veio dessas cinco mulheres, tornando-as irmãs de Sátiro. Os mitos são consistentes: Sátiro são criaturas sem valor, impróprias para qualquer trabalho útil.

Um segundo grupo frequentemente confundido com os Sátiro são os Silenoi, um grupo de criaturas originalmente descritas como tendo orelhas, rabos e patas traseiras de um cavalo. A origem dos Silenoi se perdeu na história, mas com o tempo eles se fundiram com os Sátiro. Consequentemente, descrições posteriores dessas criaturas mostram criaturas com pernas humanas e rabos de cavalo. Por volta de 450 aC, as lendas indicam que os Sátiros eram liderados por uma criatura chamada "Silenos", que era seu pai. Frequentemente, eles eram retratados perseguindo mulheres ou acompanhando Dionísio, o deus do vinho. Suas atividades incluíam tocar flauta, beber, dançar e fazer sexo com mulheres jovens ou, em alguns casos, burros.

Existem vários tipos de ninfas na mitologia grega. Na linguagem coloquial, a palavra é usada para se referir a uma jovem noiva ou menina em idade de casar. Em outros lugares, a palavra se refere a espíritos naturais, como ninfas de rios e montanhas. Geralmente são filhas de Zeus ou de outros deuses com mães humanas. Ninfas são seres longevos, mas ao contrário dos Sátiros, elas são mortais. Diz a lenda que quando uma ninfa nasce, um carvalho ou abeto brota na floresta. Quando essa árvore morre, também morrem as ninfas associadas a ela. Diz-se que Nymphiare cuidou de Dionísio quando ele era criança e o seguiu quando ele cresceu. As ninfas retratadas na série Thasos são aquelas que se relacionam com Dionísio e seus outros companheiros, os Sátiros.

Para entender Ninfas e Sátiros, deve-se olhar para Dionísio. Embora seja frequentemente referido como deus do vinho, na realidade ele era muito mais do que isso. Homer descreveu Dionísio como um deus louco, enquanto diz-se que Zeus deu Dionísio à humanidade como um presente para que pudéssemos esquecer nossos problemas. Os gregos acreditavam que o estado natural e original do universo era o caos, e Dionísio era o deus que representava esse estado original. A civilização constrói ordem a partir do caos na forma de cidades. Quando essas lendas apareceram pela primeira vez, as grandes cidades-estados gregas haviam acabado de ser estabelecidas, e as pessoas dessas cidades estavam bem cientes da destruição que havia acontecido com seus predecessores, os micênicos. O caos é algo a ser respeitado, temido e protegido. As mulheres, especialmente, são consideradas propensas a cair em um estado animal frenético. Cabe aos homens protegê-los de seus instintos naturais.

Os Sátiros representam o ideal de um homem animal sem valor que não realiza tarefas úteis e só está interessado em seguir seus instintos básicos. As moedas de sátiro e ninfa podem ser pensadas como um modelo da necessidade de conservação e uma celebração erótica do estado natural do universo.

Referência

Satyrs and Nymphs - Gary Anderson / Forum Ancient Coins